Caros colegas professores!
Trouxemos para vocês um texto que trata de uma situação enfrentada por muitos de nós no quotidiano escolar: alunos com distúrbios de aprendizagem. No texto de hoje, tratamos da dislexia, que é tão falada e mesmo assim muitos de nós enfrentamos dificuldades em trabalhar com um aluno disléxico. 
Nesse texto, os autores trazem dicas preciosas para nos orientar nessa missão. Boa leitura!

Dislexia: como trabalhar com alunos disléxicos, avaliar e atribuir nota?

   Antes de qualquer definição, Dislexia é um jeito de ser e de aprender, reflete a expressão individual de uma mente, muitas vezes arguta e até genial, mas que aprende de maneira diferente. As avaliações aplicam-se respeitando as limitações de aprendizagem deles, atribuindo 50% da nota na parte escrita e 50% na oralidade.
   Ser disléxico não impede ninguém de crescer profissionalmente e é isso que as pessoas precisam entender.
   Segundo Vygotsky (1991), “não é possível pensar na construção da escrita como um processo linear e constante”. E continua “Durante a aquisição da linguagem oral, a criança também apresenta instabilidades: errando, tentando, manipulando e acertando. É preciso aceitar que todo processo de apropriação de novos conhecimentos requer reflexões e comparações em um percurso de idas e vindas, o qual, longe de estabilidades, nos leva a perguntas, indagações e perplexidades”.
   Diante de tal afirmação cabe então ao educador ter um olhar clínico e observador, para assim detectar qual o aluno que tem apenas algumas dificuldades de aprendizagem e o que realmente tem dislexia. Mas, para que isso seja possível é preciso que os professores sejam preparados desde a sua formação acadêmica. Dessa forma sim, será possível oferecer um melhor ensino aos alunos que possuem determinadas limitações.
   Na sua etimologia, a palavra “dislexia” é constituída pelos radicais “diz”, que significa dificuldade ou distúrbio, e “lexia”, que significa leitura no latim e linguagem no grego, ou seja, o termo dislexia refere-se a dificuldades na leitura ou a dificuldades na linguagem, no entanto, a ideia de que se refere a um distúrbio na leitura parece ser aquela que é mais consensual, segundo, Lerner 2003.

O QUE FAZER PARA AUXILIAR O ALUNO COM DISLEXIA?
   É sempre possível ensinar um disléxico a ler e processar informações com mais eficiência. Usando métodos adequados e com muito carinho a dislexia pode ser vencida. O educador deve criar estratégias de maneira que tais alunos sintam-se parte da turma e em condições de progredir na sua aprendizagem para isso o professor precisa de um bom embasamento teórico e conhecimento profundo das teorias de aprendizagem.

DISLEXIA
   Dislexia é um distúrbio da linguagem, especialmente dos sons da fala, que prejudica a leitura e a escrita. As pessoas que têm, já nascem com ele (é genético). A dislexia geralmente aprece quando a criança está sendo alfabetizada. É causada por alterações nas áreas do cérebro responsáveis. Não é necessário que alunos disléxicos fiquem em classe especial. Tais educandos têm muito a oferecer para os colegas e muito a receber deles. Essa troca de
humores e de saberes, além de afetos, competências e habilidade só faz crescer amizade, a cooperação e a solidariedade.
   O diagnóstico de dislexia traz sempre indicação de acompanhamento específico em uma ou mais áreas profissionais (fonoaudiologia, psicopedagogia, psicologia...), de acordo com o tipo de nível de dislexia constatado. Assim sendo, a escola precisava assegurar, desde logo os canais de comunicação com o(s) profissional (is) envolvido(s), tendo em vista a troca de experiências e de informações.
   Os professores que trabalham com a classe desse aluno (a) devem saber da
existência do quadro de dislexia. Quanto ao aluno com tal deficiência de aprendizagem cabe a ele socializar ou não aos seus colegas.
   Algumas atitudes por parte do educador que pode facilitar a interação do aluno
com déficit de aprendizagem em sala de aula:
  • Dividir a aula em espaços de exposição, seguido de uma “discussão” e síntese ou jogo pedagógico;
  • Dar dicas e orientar o aluno como se organizar e realizar as atividades na carteira;
  • Levar o aluno a fazer uso consciente de uma agenda para recados e lembretes;
  • O educador deve usar uma linguagem direta, clara e objetiva e verificar se o aluno entendeu a explicação.
   E a partir de uma inovadora pratica pedagógica, por exemplo, avaliar o aluno disléxico de forma diferenciada, sendo 50% na oralidade e 50% na escrita, desta forma, eles seriam trabalhados dentro de suas possibilidades intelectuais e não nas suas dificuldades de aprendizagem.
   Portanto percebe-se que a dislexia é um assunto novo para muitos educadores, os quais ainda precisam de muitas informações com relação a este assunto para poder auxiliar e identificar tais deficiências em seus educandos, resultando na inclusão dos mesmos de forma que percebam que o conhecimento é possível para todos mesmo respeitando suas limitações.
  A inclusão do aluno disléxico na escola, como pessoa com de necessidade educacional, está garantida e orientada por diversos textos legais e normativos. A Lei 9.394, de 20/12/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), por exemplo, prevê que a escola o faça a partir do artigo 12, inciso I, no que diz respeito à elaboração e à execução da sua Proposta Pedagógica; o inciso V, do mesmo artigo, diz que a escola deve prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento; o artigo 23 permite à escola organizar a educação básica em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização; o artigo 24, inciso V, alínea a), prevê que a avaliação seja contínua e cumulativa, com a prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período.
Diante de tais possibilidades, a escola, ao construir sua Proposta Pedagógica e rever o Regimento Escolar, já o fez considerando o aluno disléxico.
No que diz respeito à avaliação, por exemplo, a escola deve explicitar na Proposta Pedagógica as seguintes possibilidades:
a) provas escritas, de caráter operatório, contendo questões objetivas e/ou dissertativas, realizadas individualmente e/ou em grupo, sem ou com consulta a qualquer fonte;
b) provas orais, através de discurso ou argüições, realizadas individualmente ou em grupo, sem ou com consulta a qualquer fonte;
c) atividades práticas, tais como trabalhos variados, produzidos e apresentados através de diferentes expressões e linguagens, envolvendo estudo, pesquisa, criatividade e experiências práticas, realizados individualmente ou em grupo, intra ou extraclasse;
d) observação de comportamentos, tendo por base os valores e as atitudes identificados nos objetivos da escola (solidariedade, participação, responsabilidade, disciplina e ética).

DIFICULDADES
  • não há um método, uma cartilha, uma receita, para trabalhar com alunos disléxicos. Assim sendo, é preciso mais tempo e mais ocasiões para a troca de informações sobre os alunos, planejamento de atividades e elaboração de instrumentais de avaliação específicos;
  • relutância inicial (ou dificuldade, mesmo) por parte de alguns professores para separar o comportamento do aluno disléxico das suas dificuldades;
  • receio do professor em relação às normas burocráticas, aos companheiros de trabalho, aos colegas do aluno disléxico, familiares, etc.;
  • angústia do professor em relação ao nível de aprendizado do aluno e às suas condições para enfrentar o vestibular;
  • tempo necessário para cada professor percorrer a sua trajetória pessoal em relação a esta questão.
PROCEDIMENTOS BÁSICOS
  • Trate o aluno disléxico com naturalidade. Ele é um aluno como qualquer outro; apenas, disléxico. A última coisa para a qual o diagnóstico deveria contribuir seria para (aumentar) a sua discriminação.
  • Use linguagem direta, clara e objetiva quando falar com ele. Muitos disléxicos têm dificuldade para compreender uma linguagem (muito) simbólica, sofisticada, metafórica. Seja simples, utilize frases curtas e concisas ao passar instruções.
  • Fale olhando diretamente para ele. Isso ajuda, e muito. Enriquece e favorece a comunicação.
  • Traga-o para perto da lousa e da mesa do professor. Tê-lo próximo à lousa ou à mesa de trabalho do professor, pode favorecer o diálogo, facilitar o acompanhamento, facultar a orientação, criar e fortalecer novos vínculos...
  • Verifique sempre e discretamente se ele demonstra estar entendendo a sua exposição. Ele tem dúvidas a respeito do que está sendo objeto da sua aula? Ele consegue entender o fundamento, a essência, do conhecimento que está sendo tratado? Ele está acompanhando o raciocínio, a explicação, os fatos? Repita sempre que preciso e apresente outros exemplos, se for necessário.
  • Certifique-se de que as instruções para determinadas tarefas foram compreendidas. O que, quando, onde, como, com o quê, com quem, em que horário, etc. Não economize tempo para constatar se ficou realmente claro para o aluno o que se espera dele.
  • Observe discretamente se ele fez as anotações da lousa e de maneira correta antes de apagá-la. O disléxico tem um ritmo diferente dos não-disléxicos, portanto, evite submetê-lo a pressões de tempo ou competição com os colegas.
  • Observe se ele está se integrando com os colegas. Geralmente, o disléxico angaria simpatias entre os companheiros. Suas qualidades e habilidades são valorizadas, o que lhes favorece no relacionamento. Entretanto, sua inaptidão para certas atividades escolares (provas em dupla, trabalhos em grupo, etc.) pode levar os colegas a rejeitá-lo nessas ocasiões. O professor deve evitar situações que evidenciem esse fato. Com a devida distância, discreta e respeitosamente, deve contribuir para a inserção do disléxico no grupo-classe.
  • Estimule-o, incentive-o, faça-o acreditar em si, a sentir-se forte, capaz e seguro. O disléxico tem sempre uma história de frustrações, sofrimentos, humilhações e sentimentos de menos valia, para a qual a escola deu significativa contribuição. Cabe, portanto, a essa mesma escola, ajudá-lo a resgatar sua dignidade, a fortalecer seu ego, a (re) construir sua auto-estima.
  • Sugira-lhe “dicas”, “atalhos”, “jeitos de fazer”, “associações”... que o ajudem a lembrar-se de, a executar atividades ou a resolver problemas.
  • Não lhe peça para fazer coisas na frente dos colegas, que o deixem na berlinda: principalmente ler em voz alta.
  • Atenção: em geral, o disléxico tende a lidar melhor com as partes do que com o todo. Abordagens e métodos globais e dedutivos são-lhe de difícil compreensão. Apresente-lhe o conhecimento em partes, de maneira indutiva.
  • Permita, sugira e estimule o uso de gravador, tabuada, máquina de calcular, recursos da informática...
  • Permita, sugira e estimule o uso de outras linguagens.
PROCEDIMENTOS QUANTO À AVALIAÇÃO
O disléxico tem dificuldade para ler. Assim sendo:
  • avaliações que contenham exclusivamente textos, sobretudo textos longos, não devem ser aplicadas a tais alunos;
  • utilize uma única fonte, simples, em toda a prova (preferencialmente “Arial 11” ou Times New Roman 12), evitando-se misturas de fontes e de tamanhos, sobretudo as manuscritas, as itálicas e as rebuscadas);
  • dê preferência a avaliações orais, através das quais, em tom de conversa, o aluno tenha a oportunidade de dizer o que sabe sobre o(s) assunto(s) em questão;
  • não indique livros para leituras paralelas. Quando necessário, proponha outras experiências que possam contribuir para o alcance dos objetivos previstos: assistir a um filme, a um documentário, a uma peça de teatro; visitar um museu, um laboratório, uma instituição, empresa ou assemelhado; recorrer a versões em quadrinhos, em animações, em programas de informática;
  • ofereça uma folha de prova limpa, sem rasuras, sem riscos ou sinais que possam confundir o leitor;
  • ao empregar questões falso-verdadeiro:
  • construa um bom número de afirmações verdadeiras e em seguida reescreva a metade, tornando-as falsas;
  • evite o uso da negativa e também de expressões absolutas;
  • construa as afirmações com bastante clareza e, aproximadamente com a mesma extensão;
  • inclua somente uma idéia em cada afirmação;
  • ao empregar questões de associações:
  • trate de um só assunto em cada questão;
  • redija cuidadosamente os itens para que o aluno não se atrapalhe com os mesmos;
  • ao empregar questões de lacuna:
  • use somente um claro, no máximo dois, em cada sentença;
  • faça com que a lacuna corresponda à palavra ou expressão significativas, que envolvam conceitos e conhecimentos básicos e essenciais - também chamados de “ferramentas”, e não a detalhes secundários;
  • conserve a terminologia presente no livro adotado ou no registro feito em aula.
Fonte da imagem: https://journals.uvic.ca/index.php/INKE/comment/view/161/0/8137


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Orientações para os professores de alunos disléxicos

Como avaliar e atribuir nota ao aluno disléxico?

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